Em defesa da indústria e de Santa Catarina


Angela Albino*

Um denso e convincente documento emitido pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) nos obriga a uma profunda reflexão. A “Carta da Indústria de Santa Catarina” assemelha-se a um manifesto em defesa do setor produtivo do Estado. E não é para menos. A indústria por sua capacidade de geração de renda e empregos de qualidade deve ser pauta obrigatório àqueles que pensam o futuro de Santa Catarina em um país das dimensões do Brasil.
As demandas apresentadas no documento dão conta de uma série de ações no sentido de elevação da competitividade da indústria do Estado. Ampliação e modernização das infraestruturas, elevar o nível de formação da mão de obra, investir pesado em inovação, políticas tributárias e fiscais estimuladoras e políticas diversas de financiamento da produção são alguns elementos levantados pelo setor produtivo.
A questão da competitividade torna-se o centro da questão diante de uma realidade de invasão de produtos importados. Fruto de mudanças na política cambial iniciada em 2009 e que se reflete de forma direta na ameaça representada pelos produtos importados e consequente aumento do déficit comercial de Santa Catarina nos últimos anos: do superávit comercial US$ 2,38 bilhões em 2007 para um déficit de US$ 4,40 bilhões em 2010 e US$ 6,09 bilhões em 2013. O crescimento das importações no período foi de 195,5%!
No âmbito federal a histórica luta por uma política monetária centrada numa estratégia de redução da taxa de juros e de uma política cambial pró industrial deve ser aprofundada. Assim como maior pressão por mais investimentos em infraestruturas e desburocratização do acesso a políticas fiscais de incentivo à inovação. Uma política industrial estadual como norte a um planejamento de médio e longo deve ser rediscutida.
O elo propugnado na Carta de uma maior interação entre Estado e indústria demanda um compromisso político, em todos os níveis, em torno da defesa da indústria e do emprego em nosso Estado. Questão fulcral que incide diretamente em nossa capacidade de manter Santa Catarina na dianteira nacional do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
O compromisso deve ser algo que vá além das eleições. O desafio da competitividade é econômico e, sobretudo, político. O momento é de transformar a pauta imediata em discussão estratégica. Elevar o nível político da discussão. Transformar a indústria, de fato, em centralidade.

_____________
*Deputada Estadual (PCdoB-SC)

O que você achou desta matéria?

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.