Leia o discurso de Luiz Carlos Bresser-Pereira, fundador do PSDB e ex-ministro do governo FHC, no ato público dos intelectuais de São Paulo, no TUCA (PUC-SP), em 20 de outubro de 2014:
Meus amigos,
Estou aqui para convocar os intelectuais brasileiros a votarem pela reeleição da Presidente Dilma Rousseff.
Esta é novamente uma eleição em que se confrontam pobres e ricos, progressistas e conservadores, esquerda e direita, desenvolvimentistas e neoliberais.
Ora, nesse quadro, não há dúvida em quem votar. É necessário votar no candidato que representa os pobres ou os trabalhadores;
No candidato que é progressista ou de centro-esquerda, no candidato que está comprometido com os pobres e as novas classes médias, não com os ricos e a classe média tradicional;
No candidato cujo compromisso seja continuar a avançar nas conquistas sociais destes últimos doze anos, não em congelá-las e fazê-las regredir.
No candidato que além de defender os interesses dos pobres, defende também os interesses dos empresários que investem e criam empregos;
No candidato que defende o Brasil, porque defende o nacionalismo econômico e a soberania nacional, ao invés de o liberalismo econômico e a dependência ou o colonialismo.
É necessário votar no candidato que é desenvolvimentista, porque sabe que é necessário combinar mercado e Estado, ao invés de professar o credo neoliberal do Estado mínimo;
No candidato que sabe que não basta responsabilidade fiscal (que não basta controlar as despesas públicas);
Que é também necessária responsabilidade cambial, ou seja, a busca do equilíbrio comercial ou da conta-corrente do país;
No candidato desenvolvimentista que defende um pacto político social-democrático que envolva os empresários, os trabalhadores e a nova classe média.
No candidato que rejeita a coalizão rentista ou neoliberal – o acordo dos muito poucos que une os capitalistas e as classes médias rentistas aos financistas e aos interesses estrangeiros, que rejeita o acordo de muito poucos em favor de juros reais altos e câmbio apreciado.
Eu sei que essa coalizão de interesses financeiros se declara representar a razão econômica universal;
Eu sei que ela engana a muitos, que acreditam que o neoliberalismo pode levar ao desenvolvimento econômico e mesmo à justiça social;
Mas não tenham dúvida: o neoliberalismo aprofunda sempre as desigualdades, e – o que é pior – leva sempre os países em desenvolvimento ao baixo crescimento e à crise financeira;
Sim, ao baixo crescimento e à crise da dívida externa, porque o liberalismo econômico defende déficits em conta-corrente crônicos, que mais cedo ou mais tarde levam o país a quebrar e a pedir socorro ao FMI.
Meus amigos, no próximo domingo nós, brasileiros, temos uma decisão crucial a tomar:
Ou continuamos a promover o desenvolvimento econômico e a diminuir as desigualdades, ou nos entregamos ao rentismo e ao neoliberalismo;
Ou nos inserimos na economia mundial em termos competitivos, ou nos submetemos aos países ricos;
Ou continuamos a construir uma nação que cresce com diminuição das desigualdades, ou entregamos nossa soberania aos interesses estrangeiros.
A presidente Dilma está a um passo de ser reeleita.
Os pobres sabem que ela os defende, e por isso votam nela; já os ricos, votam praticamente todos no candidato da direita, porque assim defendem seus interesses.
Os rentistas estão hoje ressentidos. Doze anos de governo de esquerda já basta para eles.
O sistema financeiro e seus economistas, que representam os interesses rentistas e externos, reúnem todas as suas imensas forças contra a presidente Dilma Rousseff.
Mas isto não impedirá que Dilma seja reeleita.
Mas isto não impedirá que o Brasil continue realizando uma revolução democrática e progressista.
Muito obrigado,
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Bresser-Pereira é professor emérito da Fundação Getúlio Vargas e presidente do Centro de Economia Política.
Foi Ministro da Fazenda, da Administração Federal e Reforma do Estado, e da Ciência e Tecnologia.
É bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo, mestre em administração de empresas pela Michigan State University, doutor e livre docente em economia pela Universidade de São Paulo.


Republicou isso em coração filosofante.
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Como TRABALHADOR não me sinto representado pelo opinião do
articulista que atira no próprio pé. Talvez não tenho mais esperança. É questão de idade. Democracia é alternância de poder. Mandando de 12 anos é muito para mim que tenho 64.
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Hoje a questão é, como mudar pra melhor, pra pior é suicídio…Aécio é pra pior, precisa de mais explicação do que a do Bresser?
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