Chilenas e chilenos já sabem quem serão (as e os) 155 representantes do povo responsáveis por escrever uma proposta de novo texto constitucional.
De antemão, algumas características marcam a eleição, alta abstenção (40% compareceram para votar), muitos votos direcionados para candidatos independentes (sem partido), novidade da paridade de gênero na composição da assembleia.
Tudo indica que a pressão popular terá um grande papel nos trabalhos da Constituinte, pois nenhum bloco formou uma maioria de 2/3.
A ultradireita e a direita neoliberal mais arraigada (Vamos por Chile) ficaram com 37 assentos, os partidos da esquerda (Apruebo Dignidad) conquistaram 28 e o centro (Apruebo) ficou com 25.
Entre os independentes, dois grupos se destacaram, a Lista del Pueblo (lideranças populares antineoliberais sem partido), com 24 vagas, e a Nueva Constitución (católicos progressistas), com 11.
Os povos indígenas terão 17 representantes escolhidos entre suas comunidades (Mapuches, Quechuas, Aimaras e outros). Os demais 13 representantes são independentes, majoritariamente ligados às pautas de transformações defendidas nas manifestações desde 2019, aos temas ambientais, lideranças religiosas e comunitárias.
Olhando para a composição da Assembleia fica forte a impressão de que o bloco Apruebo e seus partidos centristas poderão ser o fiel da balança para a formação dos 2/3 necessários para a aprovação das mudanças. Caso se aliem aos 37 do bloco Vamos, podem formar o 1/3 necessário para vetar artigos mais sensíveis.