Imagine um cidadão que não cuida em nada da manutenção da sua casa e de repente se vê às voltas com muitas goteiras no telhado, infiltrações nas paredes e colapso da rede elétrica.
Presunçoso e autossuficiente, cuida ele mesmo dos muitos consertos sem efetivos resultados.
Acontece com o senhor Jair Messias Bolsonaro, presidente da República Federativa do Brasil.
Há três anos e meio — atabalhoado, ineficiente e sem rumo — empenha-se no desmonte do Estado nacional e de inúmeras políticas públicas que, em sua estupidez delirante, considera ameaçadoras de princípios e preceitos de uma imaginária sociedade brasileira ultra conservadora que, no cargo que ocupa, teria a alta responsabilidade de preservar.
Uma obra obviamente inacabada, pois falta-lhe talento e competência até mesmo para destruir.
E ocorre que a constituição estabelece o mandato presidencial de quatro anos, renovável por mais quatro anos através do voto.
É aí que a porca entorta o rabo e o presidente da República perde o sono.
E mais tresloucado se mostra.
Mercê de maioria parlamentar ocasional, movida a benesses imediatistas e eleitoreiras, com destaque para o imoral orçamento secreto, chuta remendos para todos os lados. Alimentando contradições flagrantes: ao mesmo tempo em que destruiu o Bolsa Família — o maior programa social do mundo, de múltipla eficácia —, por exemplo, improvisa o tal Auxílio Brasil, de curtíssima duração e assentado em tamanho improviso fiscal e formal que despreza o Cadastro Único como referência para o acesso ao benefício.
Entrementes, as sucessivas sondagens eleitorais realizadas por diversos institutos produzem um consolidado que aponta para o fracasso do presidente na sua tentativa de reeleição.
Até o citado Auxílio Brasil, tido pelo comando da pré-campanha do presidente como chave para recuperar expressiva parcela de intenções de voto perdidas, comporta — segundo o Datafolha — entre seus beneficiários rejeição ao presidente de 62%.
E o inepto e incompetente presidente, em torno do qual gravita um comando político mergulhado em contradições e divergências, eleva o tom em suas ameaças de não aceitar o resultado das urnas se uma delirante “sala escura”, onde presume se confirmaria a apuração eleitoral, não for submetida ao crivo da instituição militar.
Isto sem encontrar solução para uma economia afundada na retração das atividades produtivas, na inflação e na queda brutal do poder de compra da população e no desemprego. E sob as nuvens pesadas advindas de uma possível recessão nos EUA.
Evidente que a campanha propriamente dita ainda não começou e, embora curta, terá forte influência da propaganda na TV — que o bolsonarismo tentará utilizar como última arma associada à rede de milícias digitais e sua profusão de fake news.
Objetivamente, o barco do presidente da República, de inúmeros furos e tresloucado comando, tende a afundar.
O ex-presidente Lula, à testa de ampla frente política e eleitoral que pode se ampliar ainda mais, pontifica com chances reais de vencer o pleito até mesmo no primeiro turno. Desde que se acelere também, na base da sociedade, ampla e eficaz mobilização nas redes e nas ruas.