A Semiconductor Manufacturing International Corp (SMIC), maior fabricante de chips da China, produziu discretamente chips com os mais altos padrões ocidentais, apesar das sanções dos EUA destinadas especificamente a dificultar o desenvolvimento dessa tecnologia, de acordo com um relatório confirmado pela Bloomberg na quinta-feira.
A empresa com sede em Xangai produz semicondutores de mineração de Bitcoin usando tecnologia de 7 nanômetros (nm) desde julho passado, de acordo com o Tech Insights , um blog do setor. A Bloomberg confirmou a reportagem, citando uma fonte anônima que não pode de discutir a notícia publicamente.
A figura nanométrica de um chip refere-se ao tamanho dos transistores envolvidos. Um nanômetro é igual a um bilionésimo de metro, quanto menor esse número, mais transistores cabem em um único chip, e mais rápido e eficiente o chip será.
A SMIC produzia anteriormente chips em 14nm, e os EUA tentaram especificamente impedir qualquer progresso além desse nível. A administração Trump proibiu a exportação de equipamentos usados para fabricar semicondutores de 10 nm e além para a SMIC em 2020, e com as empresas americanas proibidas de fornecer à empresa chinesa, a administração Biden está atualmente pressionando o fornecedor holandês de máquinas ASML para interromper as vendas para a SMIC.
A ASML já está proibida de vender suas ferramentas de fabricação de chips mais avançadas para a SMIC, e atualmente não está claro se o governo holandês reforçará essa proibição, conforme solicitado por Biden.
Essas ferramentas avançadas foram usadas pela TSMC de Taiwan e pela Samsung da Coréia do Sul para fabricar semicondutores de 7 nm, enquanto a Intel norte-americana está projetada para lançar seu próprio chip de 7 nm no próximo ano. Analistas notaram que os chips americanos e europeus mais avançados no mercado atualmente são usinados em 12 nm.
Não está claro exatamente como a SMIC contornou os controles de exportação dos EUA para atingir a marca de 7 nm, embora os analistas mencionados anteriormente tenham sugerido que a empresa poderia ter modificado suas ferramentas de 14 nm.
EUA AMEAÇAM CHINA POR COMÉRCIO COM RÚSSIA
Além de representar um salto à frente para a China, que anteriormente estava atrás dos EUA no desenvolvimento de semicondutores, o avanço da SMIC apresenta um desafio geopolítico adicional para Washinton, onde o establishment da política externa também está tentando limitar o acesso da Rússia à tecnologia ocidental.
O Departamento de Comércio dos EUA ameaçou em março reter software de fabricação da SMIC, caso a empresa continue exportando semicondutores para a Rússia e a Bielorrússia. O governo chinês, que detém parcialmente a SMIC, insistiu na época que não se juntaria à campanha de sanções do Ocidente contra Moscou e que “continuaria a manter laços comerciais, econômicos e financeiros normais” com a Rússia.
Embora a China tenha mantido sua posição, a SMIC declarou explicitamente que nunca teve clientes russos e que “sempre operou em conformidade” com as sanções dos EUA.