O Brasil é o 5º pais do mundo com 8.514.876 Km2, destes cerca de 20% estão destinados à Agricultura familiar e mais que o dobro, às atividades da agropecuária.
Cerca de 70% dos alimentos da nossa mesa são produzidos pelos agricultores familiares, já a grande parte produzidos pelo chamado agronegócio são destinados à alimentação de animais.
Baratear o custo dos alimentos, gerar mais empregos, combater a fome, a violência, pela lógica seria os governos incentivar e garantir apoio e financiamento à Agricultura familiar. No entanto não é isso que acontece em nosso país.
Ultimamente os governos Temer e Bolsonaro não só eliminaram o Ministério da Reforma Agrária, desmontaram completamente o Incra, mas deram apoio total para que proprietários de terras se armassem e pudessem rechaçar qualquer tipo de ocupação por parte dos agricultores sem terras.
Além disso por falta de financiamento e apoio milhares de pequenos e médios produtores foram e continuam sendo obrigados a venderem ou arrendarem suas terras aos grandes produtores do agronegócio.
O resultado está sendo o aumento cada dia maior dos preços dos alimentos, do desemprego, das favelas, de moradores de rua, da violência e outras mazelas.
Derrotado o desgoverno ante povo e ante pátria, porém devido a farra de compra de votos por meio do orçamento secreto, intimidações e outras falcatruas conseguiram na câmara e no senado, maioria de bolsonaristas, conservadores e reacionários de direita.
Esses setores em permanente pressão e boicote sobre o novo governo, conseguiram aprovar uma CPI para “averiguar”o MST, na verdade a continuidade da pressão e perseguição sobre a Agricultura familiar.
Tamanha pressão já fez com que Ministros e até o próprio presidente Lula recentemente declarassem que são contrários à ocupação de terras, que quem deve definir se a terra é ou não produtiva seria o Incra.
Acontece que esse órgão, chamado pelos Sem Terras de Incravado, jamais conseguiu sequer entregar os títulos dos assentamentos consolidados, imagine analisar terras se produtiva ou não, e atender a demanda represadas em décadas. E como ficará a Agricultura familiar quando forem eleitos governos reacionários como o anterior que desativou por completo os órgãos afins?
Se existe ocupação de terras, na grande maioria em terras improdutivas é porque cansados de esperar os órgãos “responsáveis”, verdadeiros paquidermes, os trabalhadores rurais, só tem uma opção, ocupar ou morrer de fome. Mas é bom salientar que toda terra ocupada sempre foi desapropriada e paga.
Um governo eleito pela maioria dos trabalhadores com apoio integral dos clientes da Reforma Agrária não deveria ceder às pressões dos querem que o Brasil continue a ser um país de latifúndios, sinônimo de atraso, reduzindo a produção e onerando os preços dos alimentos da nossa mesa.
Deveria assim como apoia, financia, isenta de impostos pela lei Kandir os grandes produtores, apoiar e financiar também a agricultura familiar, incentivar a Agroindustrialização para gerar mais empregos, reduzir a fome, o número de favelas, de desalentados a viver nas ruas, a violência e as desigualdades sociais.
Aluisio Arruda- Jornalista, Arquiteto e Urbanista, membro do PCdoB-MT
