Por Noé Ribeiro
Essas mãos e esses braços
espalhados pelos escombros
são de crianças palestinas,
como revelam as fitas coloridas nos pulsos
e os nomes gravados na pele:
Yasmin, Laila, Nadia,
Ahmed, Ibrahim, Khaled,
Rana, Sana, Samira,
Abdel, Yousef, Mohamed.
Os pais e as mães estão mortos
ou erram pelas ruas em ruínas,
tangidos pela sede, pela fome,
pelos bombardeios incessantes
que caem sobre Gaza, Deir al-Balah, Khan Yunes, Rafah
e destroem casas, prédios, mesquitas,
ambulâncias, hospitais e escolas.
Falta luz na maior prisão a céu aberto,
não há lugar seguro em toda a Faixa de Gaza,
não há abrigo para as crianças traumatizadas,
nem há anestesia para as cinquenta mil mulheres grávidas,
mas o povo palestino não se dobra,
o povo palestino não se cala.
Resiste e grita para o mundo
que a chave de casa
que traz pendurada ao pescoço
abrirá as portas de um novo tempo.
