Um bravo combatente


Hoje dia 24 de maio lembramos o falecimento de nosso querido dirigente Haroldo Lima. Três anos se passaram e sentimos a falta deste bravo companheiro de lutas pela liberdade, pela democracia, pela soberania nacional e pelo socialismo. Confira texto do sociólogo e escritor Lejeune Mirhan em memória de Haroldo Lima, publicado pela página da Fundação Mauricio Grabois

Haroldo Lima nasceu na cidade de Caetité, Bahia, em 7 de outubro de 1939. Com seus 18 anos ingressa na Universidade Federal da Bahia em 1958, no curso de engenharia elétrica. Milita ativamente no movimento estudantil baiano, na União Estadual dos Estudantes da Bahia, na União Nacional dos Estudantes. Foi membro da Juventude Universitária Católica.

Em 1962, com Aldo Arantes, Herbert de Souza – o Betinho – e outros, funda a Ação Popular, inicialmente sob influência da Igreja Católica. Em 1969 muda-se para São Paulo onde coordena a Comissão Nacional Camponesa da AP, que já defendia a guerra popular de guerrilha para derrubar a ditadura militar.

Entre 1971 e 1972 lidera os debates internos na AP, para que ela se transforme em Ação Popular Marxista-Leninista, bem como abre o debate para a incorporação da organização nas fileiras do Partido Comunista do Brasil – PCdoB, liderado por João amazonas (1912-2002). Já em 1972, inicia-se a preparação da lendária Guerrilha do Araguaia, a maior resistência armada à ditadura militar já organizada.

Com a incorporação da APML à estrutura do PCdoB, ingressam no Comitê Central do Partido, além de Haroldo Lima, outros quadros históricos como o próprio Aldo Arantes, Ronald Freitas e tantos outros, dando ao PCdoB um vigor ainda maior.

Sobrevivente da chacina na Lapa
Em 15 de dezembro de 1976, quando ocorria uma reunião do Comitê Central do PCdoB em uma casa na Rua Pio XI na Lapa em SP, a polícia invade o local, mata os dirigentes Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drummond, além de prender o próprio Haroldo Lima, Aldo Arantes, Elza Monerat e Vladimir Pomar. Esse evento entrou para a história como o “Massacre da Lapa”.

Haroldo foi barbaramente torturado nas dependências do DOI-CODI em SP. Comportou-se bravamente, preservando a estrutura partidária. Ficou na prisão até a anistia de agosto de 1979, quando volta para Salvador, Bahia. Ele seria novamente preso em 1981 quando dirigia lutas populares na capital baiana.

A partir desse ano passa a articular com Francisco Pinto, a chamada Tendência Popular do PMDB, partido ao qual Haroldo se filia na impossibilidade de participar por seu partido, completamente clandestino. Elege-se pela primeira vez deputado federal pela Bahia em 1982, sendo o mais votado na cidade de Salvador.

Com a legalização do Partido em 15 de maio de 1985, transfere-se para a legenda comunista, sendo reeleito em 1986 como deputado federal constituinte. Reelege-se sucessivamente até tentar uma candidatura ao senado em 2002, tendo sido derrotado. Haroldo honrou a Câmara dos Deputados por cinco mandatos de deputado federal, por 20 anos.

Um quadro comunista
Já no governo do presidente Lula, é nomeado em 15 de janeiro de 2005 para a diretoria geral da Agência Nacional do Petróleo, onde permanece até 2011. Haroldo fez o anúncio da maior descoberta de petróleo na história do Brasil, que foi o pré-sal em 2008. Ao deixar a empresa, atua como um dos mais respeitados consultores sobre energia do petróleo.

Haroldo era um grande quadro comunista. Não só pela sua produção teórica, mas pela sua prática de dirigente. Esteve na República Popular da China, desde a década de 1960, por diversas vezes, e era um profundo conhecedor da teoria de Mao Tsé Tung.

Tive a hora de tê-lo conhecido ainda na clandestinidade, seja em atividades estudantis da UNE, seja em reuniões partidárias. No período que atuei como membro de comissões auxiliares do CC do Partido entre 1997 e 2015, estivemos juntos muitas vezes, inclusive em cursos de formação marxista, na qual Haroldo era professor.

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