Que poupasse a humanidade desse crime hediondo


11940715_10203473956689848_7324732702982199146_n

Se soubesse nadar,
Talvez tivesse chegado à praia,
Com vida, mas ele tinha apenas 3 anos.
Minutos antes do naufrágio,
A mãe o apertara contra os seios,
Mesmo pequenino pressentia a grande desgraça,
Fechou os olhinhos e teve uma brevíssima miragem:
Ele ganhara asas do gigante Albatroz,
O pequeno barco voaria como avião,
Salvando todos, a mãe e o irmão.
Ah, a poesia quisera ser Alá,
Quisera ser Iemanjá, Quisera ser Deus,
Para tê-lo transformado num peixinho sírio
Que chegasse saltitante à praia turca.
Ah, a poesia quisera ser um chefe de Estado
Que tivesse alma,
Que retirasse das fronteiras os cães e o arame farpado,
Que poupasse a humanidade desse crime hediondo:
Um menino, reduzido a um corpinho sem vida,
Calçado, e vestido de camiseta vermelha e bermuda azul.
(Adalberto Monteiro, São Paulo, 3 setembro 15)

3 comentários

  1. Pela vida,sempre a vida,SENHOR se tu existe porque deixou acontecer isso com tao inofenssivo ser,perdoa me se falei algo que nao tenho certeza,estou triste de morte.

    Curtir

Deixar mensagem para paulobretas Cancelar resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.